sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Suicídio




“Muitos que não têm doenças físicas querem sumir, desaparecer e não querem viver. Temos que ajudar porque a doença da alma também mata”.
                                                                              Thiago Leal Lemes – Autor deste blog

Para o Ministério da Saúde, o suicídio é um problema de saúde pública que tira a vida de uma pessoa por hora no Brasil. Trata-se de um problema que pode ser prevenido na grande maioria das vezes. O conhecimento, a discussão e a divulgação sobre o tema é uma das formas mais eficazes de promover a prevenção, mas isto só acontecerá se a população, os governantes, os profissionais da saúde e a mídia divulgar tal discussão, tendo as informações suficientes para executar tal medida de uma forma adequada, sem erros, alcançado assim o seu objetivo.

Claro que o bom relacionamento com os familiares e o apoio familiar; a boa interação com as relações sociais; a confiança em si mesmo, em suas conquistas e em sua vida atual; a capacidade de procurar ajuda quando surge alguma dificuldade; a capacidade de procurar conselhos para tomar decisões; estar atento aos conselhos e soluções de pessoas mais experientes e estar aberto ao conhecimento em geral ajudam a nos proteger contra o comportamento suicida (Manual de Prevenção do Suicídio para Professores e Educadores - OMS - Organização Mundial da Saúde). 

Esta descrição é um exemplo de proteção contra aqueles comportamentos suicidas que aparecem principalmente na adolescência, quando lidamos com problemas existenciais e quando estamos tentando compreender a vida, a morte e o porquê de nossa existência.

Mais cada indivíduo tem a sua queixa, a sua demanda diferente e a sua historia única. Não é só tentativa de suicídio que aflige determinada pessoa. Muitas vezes o que é insignificante para mim, para você tem um significado muito especial.


Um determinado histórico de vida pode conter vários tipos de desajustes e precisará de um cuidado maior. Entre as demandas existentes (varia de pessoa para pessoa) há os problemas familiares; pensamentos de que é um prejuízo para alguém; separação de amigos, colegas, namorados, entre outros; ser vítima de um acontecimento traumático ou trágico; morte da pessoa amada ou significativa; frustração com maus resultados; fobias; problemas com disciplina; ser oprimido pelo seu grupo de identificação ou ter que se autodestruir para ser aceito no grupo; doença física grave; gravidez indesejada; infecção por HIV ou outra DST; desemprego e dificuldades financeiras; desastres naturais; entre outros podem desencadear em um ser humano tentativas de suicídio ou até mesmo a sua concretização fatal.


Os principais fatores de risco para o suicídio são:
- A história de tentativa de suicídio.
- O transtorno mental.
Estudos tem revelado que indivíduos que padecem de esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo ou transtorno afetivo bipolar possuem maior risco para o suicídio. O CAPS é um lugar que cuida de vários pacientes com este transtorno, pois lá há equipes que cuidam de pacientes em situações de crise e mais propostos ao suicídio.

Outra doença bastante conhecida e que pode levar ao comportamento suicida é a depressão. Dependendo do estágio em que a pessoa se encontra, é muito bom e eficaz um acompanhamento psiquiátrico, ou atendimento multidisciplinar.

Sabia que há três características próprias nas pessoas que tentam suicídio?
1.       É a ambivalência – Querem morrer, mas também querem viver. Há uma luta entre o desejo de viver e o desejo de acabar logo com a dor psíquica.
2.       A impulsividade – O impulso pode durar minutos ou horas. Neste momento, acalma-se a situação, ganhando tempo para diminuir na pessoa o risco de se suicidar.
3.       Rigidez – Tudo ou nada. Colocam o suicídio como a única solução. A percepção de conseguir encontrar outras alternativas de solução para os problemas desaparece. Maus pensamentos surgem: “Não há mais nada a fazer”. “O único caminho é a morte”. “Tenho que me matar”.


E olha só que interessante. A maioria dos suicidas avisam suas intenções suicidas. Os sinais de que querem morrer sempre aparecem e sentimentos de serem inúteis na vida também surgem. E todos nós (pais, responsáveis, amigos, escola, entre outros), principalmente os profissionais da saúde não podemos ignorar estes pedidos de ajuda.

Os psicólogos devem ficar atentos às frases de alerta, que revelam pensamentos suicidas. E os quatro fatores principais de quem quer suicidar começa com a letra D: DESESPERANÇA, DEPRESSÃO, DESESPERO E DESAMPARO. Neste caso, é preciso investigar minuciosamente o risco de suicídio.

Tanto em um CAPS (ou qualquer organização pública de saúde) quanto em um consultório, o contato inicial com quem tem tendência ao suicídio é muito importante. É preciso achar um lugar adequado, reservar o tempo necessário e ouvi-las atentamente. Por favor, jamais julgar. Seja calmo, aberto e aceite a demanda trazida sem preconceitos, pois eles se sentem muito rejeitados. Tenha empatia, trate-o com respeito, tenha sigilo, focalize nos sentimentos da pessoa. Então, é importante diagnosticar e tratar corretamente o histórico de vida deste indivíduo. Um bom cuidado psicológico e social depois de uma tentativa de suicídio previne de forma eficaz, uma nova tentativa. O acompanhamento médico com esta pessoa ajudará o médico a identificar os problemas que contribuíram para tal atitude ou para descobrir o porquê de surgirem tais pensamentos suicidas, colaborando em seguida para um planejamento correto de um tratamento apropriado.
Na minha opinião,  quanto mais o psicólogo procurar conhecimentos sobre esta área. Instigar, pesquisar, ir atrás de respostas sobre dúvidas de como prestar o melhor atendimento para quem quer se matar ou tentou e procurar a melhor forma de estabelecer o contato com tal indivíduo, melhores são os resultados positivos desta situação. O indivíduo não se sentirá rejeitado e conseguirá ver variadas formas de resolver os problemas de sua realidade.

“O suicida na verdade não quer se matar, mas quer matar a sua dor”.
                                                                                                            Augusto Cury



Referências:
 Manual de Prevenção do Suicídio para Profissionais de Saúde Mental (OMS – Organização Mundial da Saúde/ OPAS/ Unicamp).
 Manual de Prevenção do Suicídio para Professores e Educadores (OMS – Organização Mundial da Saúde).
Cartilha para Profissionais da Imprensa. Comportamento Suicida: Conhecer para Prevenir (OMS E Associação Brasileira de Psiquiatria).
Comportamento suicida – Como identificar e tratar antes que seja tarde. Disponível em: http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=19468.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Vídeo de uma entrevista sobre Hipnose

https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=kwV_3wVkuJM

Pode clicar, não é vírus. É um vídeo do YouTube.
É um vídeo de uma entrevista sobre Hipnose, dada pelo psicanalista Gastão Ribeiro, concedida para o Jornal MG TV.
Principalmente para quem atua ou atuará na Área da Psicanálise, este vídeo trará uma melhor concepção e um melhor aprendizado sobre este assunto.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Assista a Entrevista Sobre Reavaliação Neuropsicológica.



Então pessoal, as aulas começaram e estou com grandes expectativas a respeito das matérias ministradas neste período. Parece que será difícil, mas será de aprendizado muito grande.

As matérias que terei serão: Neuropsicologia, Psicodiagnóstico, Psicologia da Saúde II, Motivação e Aprendizagem e Técnicas de Exame Psicológico. Terei aulas teóricas e práticas. 

Uma das matérias, como já disse acima, será Neuropsicologia e pesquisando mais sobre esta matéria, achei uma entrevista no muito interessante da diretora do IPAF

(Instituto de Psicologia Aplicada e Formação) Simone Marangoni falando sobre reabilitação neuropsicológica no Nosso Programa, da Rede Internacional de Televisão - RIT TV. Eu sei que este vídeo está circulando na Internet, mais muitos ainda não sabem da existência dele, provavelmente vocês do meu blog também não ... Achei o vídeo no site do YouTube. Tem também divulgulgação no site do IPAF.


Assistem tá...
...vocês vão aprender um pouco mais sobre esta nova área da Psicologia que cresce cada vez mais, e que ainda tem muito que ser pesquisado a respeito.

Podem clicar no link, não é vírus. É link do YouTube.


 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A importância do trabalho do psicólogo em tragédias

A Importância do Trabalho do Psicólogo em Tragédias

“Tão importante quanto o socorro médico e o suporte com alimentos e abrigo, é a ajuda psicológica às vítimas de crises humanitárias. É preciso reorganizar a comunidade para que a vida volte ao normal e atender pacientes com estresse pós-traumático”.  Jornalista Sucena Shkrada Resk

A depressão, o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e as doenças psicossomáticas como, por exemplo, a lúpus é muito comum aparecer em vítimas de tragédias como o incêndio em Santa Maria (incêndios em geral de grande proporção), terremotos, enchentes que causam altas destruições, em familiares de vítimas de queda de avião, tsunamis e outras tragédias que trazem luto para uma grande quantidade de famílias. São doenças que podem aparecer ou não. 

O TEPT é um Transtorno de Ansiedade que surge em pessoas que vivenciaram ou testemunharam momentos que terminou em morte; que sofreram ameaças físicas ou testemunharam alguma ameaça a outra pessoa; que tiveram ferimentos ou ameaças de que seria ferido e que tais situações geraram na pessoa uma reação de intenso medo ou horror. Essas cenas traumáticas são constantemente revividas nas recordações, nos sonhos, no sofrimento psicológico, em algo que lembre o trauma, na sensação de que tudo está acontecendo novamente. Quem passa por isso faz de tudo para evitar acontecimentos relacionados ao trauma e podem apresentar irritabilidade, insônia, dificuldade de concentração, resposta de sobressalto exagerada e hipervigilância (tais situações passam a ser preocupantes quando tais sintomas continuam na pessoa a mais de um mês após o acontecimento da tragédia). 

O trabalho do psicólogo é de extrema importância para os sobreviventes e os familiares. Há pais que perderam todos os seus filhos num acontecimento de crise aguda como o incêndio de Santa Maria - RS. A Psicologia deve entrar em ação para prevenir esse tipo de situação e auxiliar as vítimas na reconstrução de suas vidas. É necessário resgatar essas pessoas psicologicamente. Então, nesse caso, o trabalho é terapêutico e ajuda a elaborar o luto. 

Para Worden (1991), que fala sobre o processo de luto, são muitos os sentimentos que surgem neste processo doloroso:
  • ·         São os sentimentos de tristeza que na maioria das vezes é expressa pelo choro.
  • ·         Sentimento de raiva, principalmente para quem foi um sobrevivente na tragédia.
  • ·         Sentimento de culpa; que são os porquês em geral como: Por que fomos à boate? Por que não mudamos daqui antes? Por que não o levamos para o hospital mais cedo? Por que briguei com ele naquela hora entre outras perguntas que autotortura quem se sente culpado.
  • ·         Ansiedade vinda através de uma sensação de insegurança, e podendo até, em algumas pessoas, surgir ataques de pânicos e quando mais persistentes forem tais ataques, pode até se transformar em algo patológico.
  • ·          Um sentimento de solidão, principalmente para os sobreviventes e para as pessoas bem mais próximas dos mortos (cônjuge, filhos, pais).
  • ·         Fadiga, que afeta ainda mais quem tem uma vida mais ativa.
  • ·         Desamparo no início do processo do luto.
  • ·         Estado de choque, que ocorre mais em mortes inesperadas.
  • ·         Anseio pela pessoa perdida.
  • ·          Emancipação (NÃO OCORRE MUITO, SÓ EM CASO DA PESSOA ESTÁ LIVRE DE QUEM FALECEU, PESSOAS QUE TEM ESTES SENTIMENTOS MUITAS DAS VEZES FORAM PREJUDICADAS POR QUEM PARTIU – ESTUPRO, ROUBO, ASSASSINATOS, ENTRE OUTROS).
  • ·         Alívio (SÓ OCORRE, QUANDO O FINADO SOFREU MUITO FISICAMENTE ANTES DE FALECER).
  • ·         Torpor, onde as sensações da pessoa são bloqueadas na hora da notícia da morte, fazendo com que ela não tenha nenhum sentimento expresso naquele momento. Isto é algo positivo, pois evita a pessoa da dor insuportável.

Um artigo de 2004 (Melo, R. Processo de Luto) relata que após a perda de um ente querido várias vítimas podem ter algumas sensações físicas como aperto no peito, vazio no estômago, nó na garganta, hipersensibilidade ao barulho, boca seca, falta de energia, falta de fôlego, fraqueza muscular e sensação de despersonalização (nada parece real). O trabalho do psicólogo neste momento é essencial porque ele ajuda a pessoa a passar por este processo de luto através de quatro tarefas essenciais (Worden, 1991), que é aceitar a realidade da perda, trabalhar a dor que vem da perda, ajudar as vítimas a se ajustarem em um ambiente em que o falecido está ausente e também transferir emocionalmente o falecido e prosseguir a vida. Quando estas quatro tarefas são completadas, segundo o artigo, termina-se assim o processo de luto.

O resultado que o psicólogo pode trazer para quem perdeu uma pessoa, ou numa grande tragédia ou até mesmo em outras situações, é fazer com que tal pessoa depois do processo de luto tenha crescimento pessoal e superação diante o acontecido, entre outros resultados (acredito que isto também varia de pessoa para pessoa). 

Diante de uma tragédia, os profissionais da área da Psicologia são treinados para identificarem os efeitos psicológicos de situações de rompimento e prevenção de situações de grande trauma, com indivíduos e grupos em situações de emergência e de crises. Por isso é necessário incluir os profissionais que tenham conhecimentos dos transtornos psicológicos relacionados a estas situações de crise (assalto, incêndios, enchentes, terrorismo, sequestro, entre outros) e os seus sintomas principais (sempre se deve manter um olhar sobre a saúde mental dessas vítimas) como: o trauma psíquico, o transtorno de estresse pós-traumático e transtorno dissociativo. A Psicologia deve entrar em ação para auxiliar as vítimas na reconstrução de suas vidas. A divulgação de um estudo pela University of Miami revelou que as crianças estão mais vulneráveis ao quadro do que os adultos.

Referência Bibliográfica:
Sanders, C. (1999). Grief. The Mourning After: Dealing with Adult Bereavement (2nd ed.). New York: Jonh Wiley & Sons, Inc..
Worden, J. (1991). Grief Counseling and Grief Therapy. A Handbook for the Mental Health Practitioner (2nd ed.). London: Routledge.

Ajuda psicológica em Santa Maria RS

As pessoas (sobreviventes, ajudantes, taxistas e coveiros) que de alguma maneira tiveram contato com o incidente da boate Kiss, também procuraram o serviço de auxílio do núcleo psicológico de emergência, com uma equipe de 130 pessoas e que funciona 24 horas por dia. Estes especialistas visitaram casas de familiares, hospitais e acompanharam os enterros e velórios dos mortos no incêndio da boate Kiss. 

 

"Nem todas as pessoas precisam de atendimento de saúde mental. Algumas têm suas redes sociais, suas redes psíquicas, redes religiosas que resolvem. Quase 70% das pessoas poderão resolver isso em suas redes afetivas", afirmou Maria de Fátima Fischer, psicóloga e representante do Estado do Rio Grande do Sul no núcleo, à BBC Brasil. "Agora, pouco mais de 20% das pessoas envolvidas diretamente, indiretamente ou mesmo que não tiveram relação com o evento, precisarão de algum cuidado. Já entre 1% e 3% das pessoas podem desenvolver casos graves de saúde mental", acrescentou a psicóloga.

Ela conta que, além de atender aos parentes e amigos das vítimas, o programa vem auxiliando bombeiros e policiais que atuaram no resgate, médicos, coveiros responsáveis pelos enterros e até taxistas.

"Eles estão fazendo o trabalho deles e têm que aguentar essa barra. Eles têm que ouvir muitas coisas, alguns perderam parentes", disse Maria de Fátima, que afirmou que o grupo está em contato com associações de taxistas para oferecer auxílio. Professores universitários que perderam seus alunos também serão orientados pelo programa.